Conservadores. Uma minoria ou um disfarce para a destruição.

Ku Klux Klan

 

A humanidade se move em ondas. A cada vitória ou consolidação de uma determinada ideologia, padrão de comportamento, sistema político, ou mesmo econômico, corresponde simultaneamente ao nascimento de uma força contraria e resistente. E quanto mais extrema é a força para uma determinada direção, maior é o antagonismo do seu contrario. É quase físico, material, este comportamento que, em um primeiro momento, parece carregado de subjetividades.

Este pressuposto contamina o macro e o micro mundo onde habitamos. Vai dos sistemas que determinam a vida das nações ao tipo de comportamento na convivência entre familiares ou vizinhos.

Em nossa história recente observamos momentos com mais ou menos radicalismos, períodos de convivência que se alternam entre tranquilos e muito violentos, em função de algumas regras impostas as quais chamamos “civilizatórias”. Esta alternância nos humores também se dá porque, logo após grandes barbáries que não têm sido raras, um ou mais de um, dos contendores está completamente satisfeito pelo sangue e pelas lágrimas dos adversários. Aí uma espécie de hibernação espiritual se impõe para que a violência seja digerida.

Estamos acompanhando mais uma destas ondas acontecendo. O discurso conservador está saindo das sombras de sua vergonha, se esgueirando por diversas áreas do conhecimento humano, nas artes, na política e na religião. E por que eu chamo de vergonha? Porque este conservadorismo tem ainda tatuado em sua pele as atitudes covardes contra os negros indefesos no sul dos Estados Unidos. Com sua perversa manifestação mais recente em Charlottesville. O conservadorismo tem gravado na sua alma a dor infligida a milhares de mortos civis nos covardes atos terroristas ao redor do mundo. Esse mesmo conservadorismo que mata apenas para dominar, como nos grandes movimentos ideológicos, seja o Nazismo, o Fascismo, ou mesmo algumas das maiores experiências comunistas, onde a tirania superou a utopia.

Hoje estes conservadores se colocam como minorias que desejam ter também sua voz respeitada. Mas a pergunta que faço é: por que neste momento em que desejam ser ouvidos e respeitados a primeira coisa que entendemos em suas vozes é o desejo de destruir outras minorias?

O que permite definitivamente a coexistência entre os diferentes é a tolerância. A tolerância não pertence com exclusividade a nenhum grupos ou qualquer indivíduo em determinada posição no planeta. O respeito, a hospitalidade, a compreensão, são crenças intimas que não sucumbem nem mesmo à agressão. Trata-se de um sentimento silencioso que permite a uma mulher ou homem, mesmo não concordando com uma ideia ou atitude alheia, a respeite, sem querer destruí-la.

Na ideia de guerra não há lugar para vitórias. Mas existe sim uma luta saudável: aquela que abre espaços para que todos tenham voz.

Não consigo ver estas características no discurso conservador. Não encontro tolerância ou respeito por pessoas que pensam diferente. Não me parece que queiram ter voz, mas ao contrário, desejam calar os outros.

Felizmente não percebo força no discurso conservador, ele é vazio, é apenas reativo, ainda tem o medo como aliado. Me parece que as novas gerações estão mais dispostas a compartilhar do que dividir. Os frutos tardios do iluminismo, os conceitos das revoluções libertárias, a livre expressão das ideias independente de castas, tudo isso foi longe demais para retroagir. O discurso conservador não possui hoje um terreno fértil para florecer.

Se os conservadores desejam um lugar no futuro, devem construi-los sem desejar destruir os demais, se isso é um paradoxo insolúvel, eles irão desaparecer lentamente, mas sem dúvida seu rastro de sangue ficará. No futuro não há lugar para o ódio conservador.

3 comentários sobre “Conservadores. Uma minoria ou um disfarce para a destruição.

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